Eu não sou digno de que Jesus entre em minha morada por causa dos meus atos. Não tenho méritos diante de Nosso Senhor, porque não sou um homem santo, não sou um homem puro. Preciso reconhecer que meu interior é uma casa bagunçada e suja, que necessita de reformas e limpeza para se tornar habitável.
Lembro-me de quando eu era criança e, com inocência, sentia vergonha de que meus amigos da escola visitassem a minha casa. Minha casa era pobre, não era pintada por fora e, por dentro, era cheia de infiltrações que faziam a tinta da parede ficar “fofa”, soltar-se e mofar. Minha atitude boba de criança era ter vergonha de receber alguém naquele local, pois eu tinha medo de mostrar de onde eu realmente era, mostrar quem eu realmente era.
Ao ver meu interior, muitas vezes, desorganizado, bagunçado, sinto vergonha de me aproximar de Jesus e evito que ele entre em mim porque tenho medo de mostrar para Jesus quem eu realmente sou. Por isso, até mesmo no sacramento da confissão, corro o risco de tentar mascarar meus pecados. Tenho com Jesus o mesmo receio infantil que eu tinha para com meus amigos: medo de mostrar quem eu sou. Não é que eu não goste de Jesus, é porque tenho medo de mostrar como está meu interior e deixar Ele tocar na verdade ao meu respeito.
Nenhum de nós somos dignos de que Jesus entre em nossa morada, e isso não muda em nada o desejo d’Ele de entrar e, mesmo assim, fazer em nós. Ele continua operando, mesmo em nossa indignidade, e, se reconhecermos a nossa indignidade, se confessarmos diante d’Ele que não somos dignos, Nosso Senhor se orgulha de nós, pois é esse o coração que Ele espera encontrar, um coração sincero que reconhece a sua pequenez.