A prática da oração e a humildade na vida cristã nos leva a uma comunhão mais íntima com Deus e reconhece-O na Sua soberania e suficiência divina.
É impossível ser um autêntico cristão sem a prática da oração, e é igualmente impossível cultivar uma vida de oração sem humildade, pois quem se aproxima de Deus, por meio da oração, o faz em testemunho vivo de reconhecimento e submissão ante a soberania d’Ele.
A oração é temática recorrente nas Sagradas Escrituras, ela é muito mais do que uma atividade isolada e cotidiana, friamente ritualista, mas uma forma de cultivar uma relação íntima com o Criador. Ela é frequentemente associada a uma conduta de humildade, que é esperada de um discípulo de Cristo.
A prática da oração como forma de relacionamento íntimo com Deus
O livro dos Provérbios traz-nos sabedoria sobre a prática da oração e a humildade na vida cristã. No capítulo 18 e versículo 12, diz-se: “Antes da ruína, o coração do homem se eleva, mas a humildade precede a glória”.
Neste contexto, a “ruína” sugere uma queda abrupta, como um colapso fatídico de um coração que se exalta em sua soberba confiança. É, portanto, a afirmação de que uma postura de autoconfiança, arrogância e autossuficiência levará o indivíduo a um destino indesejável. Já a “glória” se refere à exaltação, à vitória e à virtude que sãos frutos do viver em humildade.
Mas é relevante questionar: o que é ser humilde? A humildade é uma atitude de reconhecimento da própria limitação, é um antagonismo a autossuficiência, assumindo que o outro pode e tem qualidades iguais ou melhores as suas e que não se deve deixar de buscar uma mão amiga.
Ao referir-se à relação do homem com Deus, isso se torna ainda mais importante, por causa da autossuficiência que é a raiz do pecado em nós, e é vital reconhecer que Ele pode todas as coisas, enquanto somos limitados.
A Oração como prática humilde de reconhecimento da soberania divina
Neste contexto, a oração surge como uma prática humilde, no sentido de reconhecer que há uma soberania acima de todas as coisas que governa a vida e o universo. O autor do capítulo 15 e versículo 33 afirma que “O temor do Senhor é uma escola de sabedoria”.
A humildade precede a glória. Essa perspectiva é ratificada no livro do profeta Isaías que ensina:
Porque eis o que diz o Altíssimo, cuja morada é eterna e o nome santo: “Habitando como Santo uma elevada morada, auxilio, todavia, o homem atormentado e humilhado; venho reanimar os humildes, e levantar os ânimos abatidos” (Isaías 57,15).
A prática da oração e a humildade na vida cristã
A prática da oração é, portanto, uma atitude de reconhecimento da soberania e da onipotência de Deus, que governa todas as coisas com amor, justiça e misericórdia. É a prática viva da adoração de algo maior que nós, a exaltação de um Deus maior que a nossa própria existência, o reconhecimento de nossa dependência de sua divina misericórdia.
Por meio da oração, o discípulo se curva diante de Deus em humildade e se submete à Sua vontade, reconhecendo Sua Sabedoria e Seu Amor. Esse ato de submissão é, portanto, um ato de rendição, no qual o indivíduo se coloca em um lugar abaixo do Criador.
A humildade que precede a oração é uma demonstração de confiança na providência divina e uma afirmação de que o discípulo está ciente de sua efemeridade e dependência. A humildade é uma atitude que nos permite reconhecer não somente a nossa insuficiência, mas a suficiência de Deus em todas as coisas.
A humildade como atitude de redenção e confiança na providência divina
Este reconhecimento é uma libertação, pois a autossuficiência é um fardo, um aguilhão que molesta a consciência do homem, convencendo-o de que ele tem poder sobre sua própria existência e as circunstâncias.
E isso não é verdade, somos limitados em todos os sentidos, impotentes e feridos por nossas próprias fraquezas. Se não confiarmos em Deus, estamos fadados a sempre nos culpar e cobrar por situações onde não temos o controle.
Concluímos assim que a oração é um ato de humildade que conduz o discípulo à sabedoria e, por fim, à glória. É por meio da humildade que reconhecemos a necessidade de Deus.
Busquemos, por meio da oração, a comunhão com Ele. É na compreensão dessa relação de humildade e oração que encontramos nosso papel enquanto discípulos: cultivando uma postura de submissão diante de Deus e de reconhecimento de sua Soberania.
Sempre há tempo de recomeçar! A prática da oração e a humildade na vida cristã é nossa missão de discípulos de Cristo!
Seu irmão,
Jonatas Passos