Lidando com a saudade

Dos sintomas da efemeridade humana, talvez nenhum seja mais latente do que viver lidando com a saudade. Ela é a cicatriz pulsante da nossa consciência do tempo, que, como um rio, nos arrasta em seu fluxo intermitente, deixando para trás locais e pessoas, sem que possamos viver duas vezes um mesmo momento.

 

Lidando com a saudade

Créditos: fizkes by GettyImages

Sendo fisgado pelo saudosismo

Quem nunca se viu fisgado pela sensação de nostalgia de tempos anteriores? Embalado pela lembrança de quando a percepção do mundo era diferente, deixando-se escorregar pela evanescente sensação do momento, impelido numa tentativa desesperada de reviver.

Contudo, tal como um sonho, a nostalgia não é real, apenas um artifício da alma, que tenta saciar o vazio da saudade.

Lidando com a saudade 

Mas o que fazer? Como lidar com o vazio deixado pela ausência da pessoa querida, do lugar  ou de retornar ao momento vivido?

O tempo é como um rio, cuja corrente segue em um único sentido, não retrocede e não para, portanto, parafraseando Heráclito, é impossível beber duas vezes das mesmas águas em meio a esta corrente. 

O caminho da aceitação

A aceitação é o caminho saudável, reconhecendo nossa limitação, e que tudo tem um começo, mas também um fim. Admitir a fugacidade de sua própria existência é também aceitar a soberania de Deus, confiando em sua providência sobre nós.

Mas falar de providência diante do tema saudade não é fugir do assunto? Pelo contrário, confiar na providência é entender que existe um momento oportuno para viver cada realidade em nossas vidas, seja um relacionamento, um local ou mesmo uma situação, que há um propósito, dentro de nossa breve existência, no tempo e espaço, definido pelos desígnios de Deus.

A vida é uma trajetória única para cada alma, a experiência de um nunca será idêntica a dos demais, por mais que possam existir pontos em comum.

O que é igual para todos é que a vida é passageira, toda situação é transitória, a aceitação disso nos permite viver melhor cada dia. 

“Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos.” (Eclo 30,22).

Seu irmão,

Jonatas Passos