Deus nos chama a uma peregrinação para o nosso íntimo, para uma jornada, rumo ao nosso interior, no mais profundo do nosso “ser”.
A Capela do Santíssimo, onde faço as minhas adorações diárias, fica ao lado de uma avenida bastante movimentada; a gente tenta rezar em meio aos ruídos de ônibus e caminhões, carros e motos. Confesso que, na maioria das vezes, aquele barulho contínuo me deixa irritada, dispersa, incapaz mesmo de estabelecer uma intimidade de oração com Jesus Eucarístico.
Onde eu posso ‘bem te ver”, Senhor?
Um dia desses, eu insistia na oração, buscando um meio de me ausentar dos ruídos e estabelecer um caminho de silêncio para rezar. Então, um bem-te-vi começou a cantar bem alto, mas aquele canto não me incomodou; antes, levou-me a perguntar: onde eu posso bem te ver, Senhor? Como te encontrar e estabelecer este diálogo que o meu coração está buscando?
Olhando para o Sacrário, fui discernindo que eu precisava fazer uma peregrinação para o meu interior, um caminho solitário, um descer para o mais profundo, então, estabelecer aquele encontro tão restaurador que eu desejava. Mas como ter êxito? Não é tarefa fácil, requer decisão, treino e persistência. Mas o desejo precisa ser maior do que a dificuldade.
Alcançando a perfeição na oração
No livro Castelo Interior, Santa Teresa d’Ávila vai descortinando uma sequência de aposentos, as moradas, onde a pessoa que quer alcançar a perfeição da oração vai exercitando, ainda que assolada pelas suas próprias imperfeições, o peregrinar pelos vários aposentos, uns acima, outros abaixo, outros ao lado, até atingir o aposento mais importante, onde a alma encontra o seu Rei.
Trata-se de oração, intimidade desde o início até o fim da peregrinação que, a despeito das muitas dificuldades, alcança a meta, a alma que não desiste. Quem nos guiará nesta peregrinação? O Espírito Santo!
Ele deseja estabelecer em nós esta profunda comunhão com Deus, fazendo com que a alma se abra, se despoje de si mesmo. O Espírito Santo nos permite a conhecer a Deus e, a partir deste conhecimento, a nós mesmos. Como dizia Santa Teresa d’Ávila, “a oração é um trato de amizade com Deus”. Vamos começar juntos esta jornada?
Maria Helena Barbosa
Missionária do 2º Elo
Frente de Missão SJC/SP