O drama da Paixão e da entrega de Jesus de Nazaré às autoridades do Seu tempo é um fato histórico e central no Mistério Pascal que foi narrado pelos quatro evangelistas. Mateus diz: “E preso, O conduziram e entregaram ao governador Pôncio Pilatos” (Mt 27,2). A narrativa exposta junto a outros escritos históricos determinam a veracidade histórica do fato da existência de Jesus. O Catecismo explica a importância desses relatos, pois a Igreja, nos primeiros séculos, teve que refutar heresias que falsificavam a verdade de fé de que: “Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (CIC, 464-465).

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Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade
Com efeito, o valor da prisão de Jesus reside em sua entrega livre em perfeita submissão à vontade do Pai e por amor a nós pecadores, como disse nosso Divino Salvador: “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai” (Jo 10,17-18).
Não podemos nos esquecer de que a prisão e a entrega de Jesus nos interpela a responder ao seu amor com obras de caridade espirituais e corporais. Como vemos no sermão escatológico de Jesus: “Estive na prisão e fostes me visitar” (Mt 25,36). Ao ler esse trecho, nosso coração se comove e nos faz lembrar que Jesus se identificou com os presos.
Mas, de fato, o que nos aproveita a prisão e a entrega de Jesus?
Santo Afonso nos responde: “O divino Redentor quis sujeitar-se à ignomínia de ser encadeado para nos merecer a graça de sacudirmos as cadeias que nos prendem ao pecado”. Assim, nos aconselha o Santo: “Meu irmão, se por desgraça estiveres preso pelas cadeias de morte, escuta o que te diz Jesus Cristo: Pobre alma, rompe os laços que te prendem ao inferno, chega-te a mim e permite que, partilhando contigo as minhas cadeias, te obrigue a amar-me sempre” (Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III).
Oremos com Santo Afonso: Ó meu mansíssimo Jesus, que em sua prisão “vos deixastes ligar por meu amor e eu quero ser ligado pelo vosso amor. Ó felizes cadeias, ó formosas ligaduras de salvação, que unis as almas ao Coração de Jesus: apoderai-vos do meu pobre coração e ligai-o de tal modo que nunca mais se possa separar desse amantíssimo Coração – Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria, pela dor que sentistes em ver vosso Jesus amarrado como um malfeitor, obtende-me a santa perseverança”. (Idem, 734.).
Jesus manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso.
De sua irmã em Cristo,
Rosa Cruvinel