Soltando pipa em Pipeiras, num domingo ensolarado, com muito vento. Combinação perfeita para pai e filho experimentarem uma sensação inesquecível.
Um dia desses, vi a alegria estampada nos olhos e nos lábios do meu pequeno, que vibrou ao ver aquela armação feita com varetas de bambu e papel de seda ganhar o céu.
Era a primeira vez que ele soltava pipa, e eu ali comemorando com ele essa nova descoberta. E enquanto ele sorria no terreno ao lado de casa com aquela experiência, eu fui lançado para um lugar que marcou minha infância na década de 70. O distrito de Pipeiras, interior do município de São João da Barra, região norte do Rio de Janeiro. Ali morava, numa casinha branca de varanda, com um quintal imenso, minha saudosa vovó paterna, Eulália, que carinhosamente era chamada de “Lalita”. Meu pai fazia questão de ir visitá-la todo domingo. E numa dessas visitas, tivemos a alegria de aproveitar o vento da manhã para juntos soltarmos pipa.
Pipa em Pipeiras
Isso aconteceu há mais de 45 anos, e ainda hoje lembro do esforço dele, correndo comigo e me estimulando nessa experiência inesquecível para qualquer menino. Tudo bem que uma rajada mais forte fez a pipa girar várias vezes até cair no pasto bem distante da casa. E meu herói atravessou o mato alto para pegar a diversão de volta e manter a alegria do filho.
A história é bem simples, mas cheia de provocações. Num tempo repleto de meios eletrônicos e entretenimentos digitais, pai e filho são tentados a permanecerem trancados em casa e sem experiências assim.
Eu sei que nem todos têm a chance de ir ao lugar de nome tão “sugestivo” para soltar pipas. Até porque Pipeiras hoje tem mais residências e menos campos que na década de 70. Mas dá para encontrar um terreno longe da rede elétrica e fazer o garoto viver algo inesquecível, como meu pai, eu e meu filho já vivemos.
Guardar as boas lembranças atravessando gerações
E diversão assim precisa mesmo atravessar gerações. Mas, para que isso aconteça, é preciso deixar o comodismo de lado, fazer memória das boas brincadeiras que viveu na infância e provocar situações atuais para levar seu filho a viver e guardar boas lembranças dessa relação com o pai.
Foi assim também lá na pequena oficina de Nazaré, onde José ensinou o menino Jesus a brincar com as ferramentas, até se tornar o Filho do carpinteiro que usou duas madeiras cruzadas para nos salvar. Assim também pode ser com você e seu filho.
E que São José interceda por todos nós pais e filhos!
Deus abençoe você!
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova