Ouvir melhor para relacionar-se bem é um chamado que, hoje, devemos notar que se faz necessário e tem sido uma grande dificuldade entre as pessoas. Seja pelo excesso de meios eletrônicos de comunicação, seja por uma abreviação dos tempos, pela urgência, pela necessidade ansiosa de respostas rápidas. Parece que tudo isso feriu, de alguma forma, nossa habilidade em ouvir bem e, por sua vez, a capacidade de nos comunicarmos bem, de estarmos bem uns com os outros.
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Saber ouvir também nos pede que julguemos menos o outro que está a nossa frente
Nesse processo, o ouvinte precisa estabelecer uma relação com a realidade do outro, com o que ele disse e com o que não disse, ou seja, com a parte que ele expressa em seus gestos, naquilo que está aparente e naquilo que sugere algo, ou seja, com a totalidade do outro.
Porém, o ouvir também nos pede que possamos julgar menos, antes de compreendermos o outro, pois é esse julgamento excessivo que retira a possibilidade de o outro ser visto tal como ele é.
Se ouço interrompendo o outro, não ouço, apenas entram pelos meus ouvidos as ondas sonoras que podem ser erroneamente compreendidas. Soma-se a isso a inclusão do meu estado de humor, que, se irritado, pode ouvir mal, ou se cheio de distorções de percepção, não acolhe bem a fala do outro.
A comunicação “não-verbal” pode dizer mais que a “verbal”. Avalie as condições pessoais daquele que conversa com você e também as suas condições. Um momento difícil, um tempo de estresse no trabalho, alguma condição de saúde particular, tudo isso pode colaborar com um tempo exigente na vida do outro, e com isso um momento também mais difícil nos relacionamentos.
Ouvir melhor para relacionar-se bem
Num diálogo, para ouvir verdadeiramente, é preciso observar os silêncios: cuidado para não “completar frases” do outro. Respeite o silêncio: às vezes, a pessoa precisa de tempo para “respirar e pensar” no que está dizendo, para elaborar emocionalmente sua fala, para refletir sobre algum apontamento.
Escutar é como ouvir uma bonita canção, em que letra e música formam uma unidade e expressam um significado em seu conjunto. Se quisermos ouvir, de fato, a bonita canção, não devemos deixar que as interferências tomem conta de nós.
De fato, ouvir é uma arte, mas como uma habilidade que o ser humano tem, é sempre possível desenvolvê-la, melhorar nossa capacidade a partir do que somos para o que podemos vir a ser, sempre buscando o melhor para nossos relacionamentos e para a nossa vida.
Ao “ouvir verdadeiramente”, você estará pronto a receber a realidade da pessoa e, ao mesmo tempo, será capaz de encorajar o outro a se dizer também de forma verdadeira.
“Que as vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal, e sabei responder a cada um devidamente” (Col 4,6).
Avalie como tem sido sua maneira de ouvir e de comunicar-se com o outro.
Um abraço fraterno!
Elaine Ribeiro, psicóloga
