O ato de decidir

O ato de decidir será nossa reflexão de hoje, inspirada na passagem de Atos 1,15-17. “Naqueles dias, Pedro levantou-se entre os irmãos, um grupo de cerca de cento e vinte pessoas, e disse: “Irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca de Davi, a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. Ele foi contado como um dos nossos e teve participação neste ministério”.

Crédito: D-Keine / GettyImages

Nesse momento, o ato de decidir, que envolvia quem seria escolhido para o lugar de Judas, contou não apenas com uma escolha simples e imediata, mas com uma escolha que envolveu reflexão, pausa, compartilhamento de ideias, e, em especial, uma escolha inspirada pelo Espírito Santo. Pedro, ao se levantar diante dos demais discípulos, não apenas reconhece os eventos passados, mas inicia um movimento de decisão para o futuro da comunidade cristã. Eles precisavam substituir Judas. Era hora de decidir.

É necessário mais que apenas análise lógica

É preciso sintonia com o contexto, com os valores e com o propósito maior. Do ponto de vista psicológico, as decisões são mais do que simples atos de vontade; são respostas moldadas por crenças, emoções, valores e experiências.

Em Atos, vemos os discípulos reunidos, unidos em oração e reflexão, buscando o Espírito Santo para escolher quem ocuparia o lugar de Judas. Essa atitude demonstra que as escolhas feitas dentro de uma comunidade de fé não devem ser impulsivas, mas baseadas em oração, discernimento e, acima de tudo, em um propósito maior do que o interesse pessoal. No momento em que Pedro convoca a comunidade para agir, vemos a importância do discernimento coletivo, algo que a psicologia social destaca como valioso em grupos coesos. As decisões tomadas em comunidade tendem a ser mais equilibradas quando há diálogo, escuta e respeito mútuo. Pedro não decide sozinho — ele chama os irmãos, reconhece os fatos, encara a verdade, e então, prepara o grupo para a escolha do substituto.

Em nossas próprias vidas, frequentemente, enfrentamos momentos em que precisamos tomar decisões importantes — seja na vida profissional, familiar ou emocional. O exemplo dos apóstolos nos ensina que é fundamental buscar, em oração e reflexão, o alinhamento com nossos valores e com o propósito maior que nos é dado. Não é apenas sobre o que queremos, mas sobre o que é certo para a nossa missão na vida.

O ato de decidir de forma emocionada, muitas vezes, exclui outras possibilidades

Ou ainda, é apenas uma dose de impulso sobre uma voz que diz muito mais do nosso ego, da nossa necessidade, do momento ou da pressão de terceiros. Hoje, talvez você também esteja diante de uma decisão difícil. Talvez esteja lidando com as consequências de escolhas passadas — suas ou de outros – ou ainda necessite tomar decisões importantes. Lembre-se de que a maturidade espiritual anda de mãos dadas com o autoconhecimento. Buscar sabedoria, consultar a Palavra, buscar ajuda, discernir com calma, compreender as próprias motivações são passos essenciais para decidir com fé e consciência.

Um abraço fraterno!

Elaine Ribeiro
Instagram: @elaineribeiro_psicologa

Elaine Ribeiro dos Santos