Qual é o papel da maturidade emocional em nossas escolhas? Nossas escolhas de vida, nossas decisões, sejam elas afetivas, profissionais, vocacionais e para uma vida toda, estão diretamente ligadas à nossa maturidade e à forma como nos posicionamos frente aos eventos da vida.
A maturidade envolve nossa participação
A maturidade envolve, por exemplo, a nossa participação e envolvimento, ou seja, nossa responsabilização por aquilo que decidimos. Eis aí o primeiro ponto: se faço uma escolha vocacional – por exemplo, ser um religioso, ter uma profissão específica – porque alguém acha que tenho cara de psicóloga ou de freira, e eu apenas aceito e sigo esse caminho, um dia posso estar totalmente decepcionado, porque escolhi com base naquilo que outras pessoas disseram que eu deveria fazer.
Um outro aspecto da maturidade emocional é possuir um interesse altruísta, ou seja, ser motivado a não fazer apenas as coisas para si, mas conseguir dedicar-se ao outro. E aí está um grande desafio dos nossos tempos: muitos casamentos, namoros, amizades e profissões vivem crises. Sim, crises, porque as pessoas não conseguem se dedicar plenamente ao outro, não conseguem abrir mão de algo, não conseguem ter uma relação cordial e abdicar de si para o outro.
Maturidade emocional e nossas escolhas
Maturidade também é isso: saber que nem sempre conseguiremos fazer tudo o que queremos, e numa relação saudável com o mundo, é necessário sair de si e ir ao encontro do outro, sair de si para sua profissão, para seu colega de trabalho, para seu par afetivo, para seu amigo.
Embora tenhamos estima por nós mesmos, apenas na manifestação de amor para com o outro, no sair de si, teremos a expressão da nossa maturidade emocional. Personalidades maduras são caracterizadas por uma relação cordial do seu “eu” com os outros, de modo não possessivo e desinteressado, com respeito por aquilo que o outro é. Estamos falando aqui de um grande desafio, mas, ao mesmo tempo, de uma reflexão necessária.
Pensar em maturidade emocional e em nossas escolhas também é pensar em quanto humor colocamos em nossa vida: isso mesmo, humor! Por vezes, somos muito pessimistas frente a tudo, ou mesmo temos dificuldade de rir de nossos erros, nossos fracassos. É avaliar cada passo pelo qual nós somos responsáveis, deixando de atribuir ao outro aquilo que não saiu como era esperado, mas olhar para quais passos eram responsabilidade exclusivamente nossa e de nosso empenho.
Para tudo isso, sempre há tempo de repensar, de rever, de revisitar nossa história e pensarmos carinhosamente em nossa relação conosco e com o outro, com passos maduros de comprometimento. Para isso, não há mais cedo ou mais tarde: sempre é possível recomeçar. “Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu” (Ecle 3,1)
Nas próximas quartas-feiras de agosto, continuarei com outras reflexões acerca da maturidade emocional.
Uma boa semana e um abraço fraterno!
Elaine Ribeiro
Psicóloga