O Evangelho não diz que Jesus conhece o caminho nem que Ele aponta o caminho. Diz algo muito mais profundo: Ele é o próprio Caminho (Jo 14,6). Essa afirmação feita por Cristo, às vésperas da cruz, lança uma luz sobre toda a proposta da fé cristã.
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Nossa vida é um caminho
Nascemos, crescemos e escolhemos. Deparamo-nos com encruzilhadas, atalhos, becos sem saída. Carregamos feridas da infância, dúvidas da juventude, dores adultas. Às vezes, achamos que já sabemos para onde vamos. Outras vezes, não temos ideia nem de onde estamos.
E é aí que a palavra “caminho” ganha outra cor. Jesus não nos dá um mapa; Ele caminha conosco. Mais ainda: ao nos relacionarmos com Ele, descobrimos não só para onde ir, mas também quem somos neste caminho.
Construir-se como pessoa é um processo lento. É preciso revisar ideias, curar traumas, ajustar sonhos. Muitas vezes, pensamos que crescer é conquistar, mas não, crescer é amar e deixar-se amar. O verdadeiro caminho é sempre uma relação de amor — com Deus, conosco, com os outros.
É nesse sentido que a espiritualidade cristã é exigente
Não basta crer, é preciso viver coerentemente embasado no Amor. Uma vida que diz uma coisa e faz outra se desvia. A santidade não é um destino inatingível, mas a coerência de viver com autenticidade. Ser inteiro. Ser verdadeiro. Não basta “parecer bom”: é preciso “ser de verdade”.
A cada passo, Jesus nos ensina a amar — e amar bem: com paciência, com verdade, com renúncia. Caminhar não é só chegar; é deixar pegadas de exemplo, pontes de reconciliação, rastros de paz.
Por isso, mesmo quando erramos o passo, voltamos ao ponto certo: Jesus. Ele não nos rejeita, não se apressa, não nos cobra resultados rápidos. Ele caminha. E caminha conosco. Até que, um dia, possamos dizer com todo o coração: “Não apenas encontrei o caminho, mas fiz parte do Caminho, da Verdade e da Verdadeira Vida”.
Flavio Crepaldi
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