As escolhas vocacionais e a maturidade emocional são dois elementos que precisam estar próximos, isso porque, mais do que um dom para o qual seremos capacitados, a vocação passa também por uma decisão e também pelo posicionamento pessoal e psicológico que ela demanda.
Podemos pensar também que uma pessoa que faz uma escolha vocacional precisa elaborar suas perdas: perda da vida que possuía, perda de escolhas que agora são entregues e possuem um outro sentido e também tudo aquilo que vai perder e ganhar como sinal das consequências de suas decisões, que não são necessariamente perdas, mas renúncias com um sentido maior e maduro.
Escolhas vocacionais e maturidade emocional
Qualquer vocação que tenhamos é relacional: nós nos relacionarmos com alguém, com Deus, com o outro, para o outro, num processo de amar e ser amado, porque é o laço de amor que nos compromete com a vocação, amando de forma livre. Por mais que tenhamos feridas da vida, escolhemos amar e compartilhar nosso dom com o outro. Nesse processo amoroso e maduro, precisamos confiar no outro e em nós mesmos, para que não cultivemos uma relação dependente, egocêntrica ou competitiva, adulta e não adolescente ou apegada.
Outro aspecto importante nesse processo de avaliar nossa maturidade é dar conta dos seus sentimentos, desejos, projetos, impulsos, instintos, de forma a sermos uma pessoa integrada, capaz de ter gestos humanos e de ajuda ao próximo, num “eu” integrado, que consegue lidar de forma adulta com seus conflitos, com o melhor e o pior de si.
Quem eu sou?
E por fim, um outro ponto não menos importante, pelo contrário, muito significativo, é saber responder à pergunta: quem eu sou? Saber identificar-se e saber o sentido de sua vida e de sua identidade faz com que saibamos onde estamos, nosso lugar naquela vocação e naquela decisão, e, com isso, possamos ter foco, profundidade, satisfação e intensidade na entrega vocacional.
Observando todos os aspectos que fomos pontuando ao longo das últimas quartas-feiras sobre maturidade e vocação, podemos perceber quão responsabilizantes uma escolha e uma decisão vocacional são; é um caminho trilhado ao longo de uma vida. Para toda escolha, ganhos e perdas, limites tocados, decisões e, acima de tudo, profundidade.
Não se case na emoção, não seja um religioso no ímpeto e num momento imaturo. As escolhas, quando imaturas, não fazem apenas o sofrimento de quem escolheu, mas o sofrimento daqueles que estão ao redor. Ao escolher, não se disperse, não se distraia com aquilo que não colabora com a dedicação às suas escolhas.
“Procedei com sabedoria no trato com os de fora. Sabei aproveitar todas as circunstâncias. Que as vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal, e sabei responder a cada um devidamente.” (Col 4,5-6)
E mesmo que as escolhas vocacionais tenham sido feitas, vale a pena pensar: você é maduro emocionalmente em sua vocação? Já pensou em dar passos para reagir às suas situações de vida?
Um grande abraço!
Elaine Ribeiro
Psicóloga