Um dos segredos da vida espiritual autêntica é procurar fazer tudo com Deus e em Deus
Estar com Ele é o início da jornada, estar plenamente n’Ele é o objetivo último. Muitos cristãos desejam aproximar-se de Deus, mas poucos se dão conta de que a vocação cristã não é apenas caminhar ao lado d’Ele, mas deixar-se transformar até o ponto de viver em plena unidade com o Senhor.
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Essa transformação exige mais do que simples esforço humano, por isso depende da graça de Deus também. A alma precisa passar da união para a unidade. Na união, ainda há dois: Deus e a criatura. Caminham juntos, mas estão separados. Na unidade, o coração se conforma tanto à vontade divina que já não vive para si, mas para Aquele que o habita. Como afirma São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Viver com Deus e em Deus exige fé, que ilumina a razão e nos faz confiar no invisível
Pede esperança, que sustenta o caminho mesmo quando tudo parece escuro. E clama por caridade, que é o vínculo da perfeição e o sinal mais seguro de que estamos verdadeiramente em Deus.
Mas essa vida de unidade não é feita de êxtases ou experiências místicas extraordinárias. Pelo contrário, ela se realiza nas pequenas escolhas de cada dia, nos silêncios oferecidos, na paciência exercida, no amor gratuito. Estar em unidade é também ser um com o Deus que subiu na cruz e se sacrificou por Amor.
Deus se faz presente onde há espaço para Ele, e a alma que deseja estar com Deus e em Deus deve aprender a esvaziar-se de si mesma e de seus desejos. Essa configuração interior não é um desaparecimento da identidade, mas sua plenitude. Quanto mais somos de Deus, mais somos nós mesmos — renovados, restaurados, redimidos.
Com Deus e em Deus, tudo ganha sentido. Sem Ele, até mesmo as maiores conquistas se tornam pó. Permanecer n’Ele é a única maneira de dar frutos no mundo e frutificar para a eternidade.
Flavio Crepaldi
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