Em uma sociedade midiatizada, grande é a tentação de se viver de “aparências”. Esta preocupação com “nossa imagem” ou com “o que os outros irão pensar” pode trazer como consequência prática em nossa vida a realização de um ditado popular: “Por fora, bela viola! Por dentro, pão bolorento”.
A Bíblia nos diz que o justo juiz é aquele que vê além das aparências (Is 11,3), os fariseus e saduceus criticados por João Batista (Mt 3, 7-9) pensam que, recebendo exteriormente o sinal do batismo, não precisam mudar suas ações na vida. Contentam-se somente com um simulacro. Ou, pior, buscam deliberadamente uma falsidade.
Além das aparências
Em outras passagens do antigo testamento, lemos a ordem de “cingir os rins” ou a informação de que “cingiram os seus rins” (Jt 4,10; Jó 12,18; Jr 20,12). O mesmo João Batista, já citado, possuía um “cinturão de couro em torno dos rins” (Mt 3,4). Isso é símbolo da correção de vida, do domínio das paixões e da autoridade sobre si mesmo e suas próprias ações.
Aquele que cinge os rins procura executar tudo corretamente, dentro da lei e dos costumes. Mas quem garante que a aparência de honestidade e virtude são realmente honestidade e virtudes? Só Deus. Só Ele conhece os corações (Jr 17,10).
A nova lei, a vida sob o Espírito Santo, exige um coração puro
Nossa Senhora aparece em Lourdes cingida com um cinto azul na altura do coração. Ali, reina total pureza de intenção e conformidade com Deus. E é nele, no coração, onde toda a verdade é claríssima, ele é o lugar onde as sombras das aparências não dominam.
Em nosso interior, na busca sincera de nossas motivações pessoais, podemos e devemos nos analisar. Se nossas boas ações exteriores têm fundamento em desejos e decisões perversas, corremos o risco de levar o bem aos outros enquanto nos afundamos em vícios e pecados.
Mais cedo ou mais tarde, a corrupção transborda e o bolor interior também tomará conta da casca do pão. Por isso o coração também precisa ser cingido com a vigilância, numa luta constante contra a vida vazia de aparências e a busca da reta intenção.
Afinal, nunca se esqueça de que a pureza de coração agrada mais a Deus que todas as obras exteriores reunidas.
Seu irmão,
Flávio Crepaldi