Acolha seu sofrimento, saiba vivê-lo de forma nova. O acolhimento integral da nossa vida, por mais doloroso que pareça, é o princípio fundamental para lidarmos com as situações difíceis em nossa vida e aquelas que necessitam ser movimentadas, curadas, transformadas, ressignificadas.
Claro que acolher o que é bom é muito mais fácil e gratificante, e nos custará infinitamente mais lidar com as adversidades e contrariedades.
Quando falo em aceitação, deixo claro que não é se curvar e aceitar passivamente tudo o que nos ocorre, mas entender que há um mundo de coisas que não aceitamos, que não nos agradam. É como aquele remédio amargo que temos que tomar, mas ele nos serve claramente para nossa cura.
“Apenas clamaram os justos, o Senhor os atendeu e os livrou de todas as suas angústias. O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido. São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor” (Sl 33,18-20).
Muitas vezes, temos previsões que nos desenganam, tratamentos que custam a trazer resultados ou são, de certa forma, paliativos para um tempo que precisaremos passar, mas será mais leve, mesmo que doloroso, se acolhermos aquilo que é necessário para esse tempo.
Deus é capaz de ressignificar nossa própria vida; Ele tira proveito de tudo!
É nesse ponto que a nossa relação com Deus nos ajudará: Ele é capaz de tirar proveito de tudo, de todo bem e todo mal que nos acontece. Tirar um bem do bem, é claramente mais fácil, possível e agradável, contudo, os mistérios da nossa fé permitem que possamos realmente tirar um bem de tudo, até mesmo daquilo que nos pesa na existência.
É exatamente nesse ponto que nossa necessidade de compreender, entender, intelectualizar cai por terra. Como diz Santa Teresinha do Menino Jesus, “tudo é graça” e em tudo vamos observando as pequenas superações, o deixar a murmuração de lado, o aceitar cada etapa de um tratamento médico, como um passo para algo maior e melhor em nossa vida. Sobretudo, acolha seu sofrimento.
Acolha seu sofrimento
Isso diz da sabedoria que vai crescendo em nós à medida que vamos permitindo que todos os sofrimentos sejam acolhidos e vivenciados, porque, muitas vezes, o que realmente nos faz mal é o sofrimento que recusamos, ou seja, a dor é ainda maior porque lutamos querendo fugir daquilo que já é dolorido, fuga essa que nos faz crescer em ressentimento, em inquietações, em até mesmo dores físicas pela rigidez que vamos assumindo.
Como dizia Cura D’Ars, “um sofrimento vivido na paz não é mais sofrimento”, portanto, esse deve ser um grande alvo para nós: viver bem o tempo que nos é dado, não de forma masoquista ou apreciadora da dor, mas no acolhimento ao sofrimento.
Hoje, de forma adicional, compartilho com você essa pequena oração, para que ela possa acompanhá-lo em seus momentos de sofrimento, tal como Santa Teresinha o fez:
“Meu Deus, ofereço-vos todas as ações que farei hoje, nas intenções e para a glória do Sagrado Coração de Jesus. Quero santificar as batidas do meu coração, meus pensamentos e obras mais simples, unindo-os aos seus méritos infinitos, e reparar minhas faltas, lançando-as na Fornalha de seu Amor Misericordioso.
Oh, meu Deus! Peço-vos para mim e para aqueles que me são caros a graça de cumprir perfeitamente vossa santa vontade, de aceitar por vosso amor as alegrias e as penas desta vida passageira, para que estejamos um dia reunidos no Céu, por toda a eternidade. Assim seja.” (Obras Completas de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face).
Um abraço fraterno,
Elaine Ribeiro