Permanecer em Deus é mais do que um esforço diário, é a própria vocação do cristão que deseja viver em comunhão constante com o Senhor. Desde o batismo, somos inseridos na vida divina e chamados a cultivar essa presença como um jardim interior que exige cuidado, silêncio e perseverança.

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“Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15,5)
A promessa é clara: a fecundidade espiritual depende diretamente da nossa permanência em Deus. Mas como permanecer quando tudo ao redor nos puxa para longe? Quando a rotina sufoca, os problemas se avolumam e a Fé parece esmorecer? Permanecer em Deus não é “sentir algo”, mas decidir, pela Fé, estar com Ele mesmo quando os sentimentos e a razão falham. É um ato da inteligência e da vontade, mais do que do afeto. É crer que Ele está, mesmo quando tudo em nós grita ausência e abandono. É nesse ponto que a virtude da Fé se torna essencial. A oração diária, os sacramentos e a vida virtuosa não são práticas externas, são os meios concretos pelos quais respondemos ao chamado de permanecer em Deus. Eles formam o “ambiente espiritual” que permite que a semente da graça floresça no terreno do coração.
No entanto, permanecer em Deus exige também renúncia
Renunciar a si mesmo, aos próprios ritmos, aos critérios do mundo. Exige cultivar o silêncio interior, onde a presença divina pode ser percebida e saboreada. Exige aprender a escutar, mais do que a falar. Quem escolhe permanecer em Deus encontra repouso, mesmo no combate. Descobre que a fidelidade é mais poderosa que a intensidade passageira. Aprende que o segredo da santidade não está em fazer muito, mas em estar sempre unido Àquele que tudo pode. Estar unido mesmo quando parece que Ele não pode, ou Ele não quer.
Santa Teresinha do Menino Jesus nos lembra que “união” e “unidade” são coisas bem diferentes. Na união, ainda existem dois; na unidade só existe um. Caminhemos para viver em unidade com Deus, permanecendo n’Ele.
Flavio Crepaldi
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