A cura do coração ressentido

A cura do coração ressentido nos leva a um questionamento: como posso apreciar algo que foi uma experiência ruim para mim?

Um coração ressentido carrega consigo uma série de sentimentos, emoções, avaliações, situações das mais variadas, e, com elas, comportamentos, atitudes e, por que não dizer, uma paralisação da nossa vida em vários campos e realidades.

Sempre que pensamos em uma emoção como o ressentimento, elas trazem significados: tristeza, ansiedade, solidão, raiva, desesperança, alegria, ambivalência, ciúme e ressentimento.

A cura do coração ressentido

Créditos: oatintro by GettyImages.

Emoções podem gerar pensamentos: “sempre sou enganado”, “não há outro jeito de lidar com isso”,  “eu sempre caio nessa situação”. Especialmente a raiva, a ansiedade, a tristeza e até mesmo a indiferença estão muito presentes no ressentimento.

Sentimentos, por sua vez,  podem originar pensamentos; por exemplo, quando você está sentindo raiva, talvez comece a pensar que todos a sua volta o estão atrapalhando, são desrespeitosos e hostis. Com isso tudo, o que pode ocorrer, é que nos fechemos cada vez mais ao outro e, aos poucos, vamos prejudicando a nós mesmos por carregarmos quase que um veneno dentro de nós.

A cura do coração ressentido

Por mais que o outro tenha a responsabilidade de algo que nos trouxe o ressentimento, é nossa escolha dar um novo sentido àquilo que nos causou dor, desapontamento, tristeza. É o que vamos fazer com tudo isso que ficou guardado em nosso interior que trará novas visões sobre a vida. Esses conflitos precisam, ao longo do tempo, tomar um caminho de reconciliação com nossa história. Para isso é necessário, inclusive, aceitar as emoções negativas, essa raiva contida, para que pensamentos, tais como vergonha, isolamento e ruminação, se ampliem dentro de você. Aceitar? Sim, aceitar que algo não está bem em nós é o primeiro passo para lidar com tais situações.

A pessoa ressentida e, por conseguinte, ofendida, agredida e machucada, não diz abertamente o que sente, mas prolonga e rumina essas dores de forma repetitiva. Dá para imaginar o tamanho desse estrago? É manter sempre o papel da vítima, de submisso ao outro, desligando-se de qualquer culpa pessoal nesse processo.

Caminho de cura do ressentimento

Buscar a reconciliação espiritual e psicológica faz parte de tudo isso; sempre teremos a memória do fato, mas a mudança da minha relação com essas memórias será um bonito caminho de cura do ressentimento.

Como posso apreciar algo que foi uma experiência ruim para mim? Como apreciar a mágoa do namoro terminado, da amizade traída, da agressão sofrida? Procurando tirar exemplos e formas diferentes de olhar a vida. Você já foi a um museu que havia visitado quando criança, e agora adulto voltou a olhá-lo? Certamente, sim. Seguramente, seu olhar deve ter sido diferente, olhou coisas que não havia percebido naquela época, e agora você teve a oportunidade de fazer uma visita diferente.

É esse convite que lhe faço com relação aos seus ressentimentos: ter consciência sobre eles é muito importante, de modo que você não se feche a eles, aceite-os e busque uma vida nova a partir de uma nova experiência de perdão por você!

Não precisamos ser prisioneiros perpétuos das garras do ressentimento, e, se pudermos, agir frente a tudo o que vivemos. Nosso Deus clemente nos ensina a buscar a cura do coração ressentido: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará.” (Mt 6,14)

Uma forte abraço,

Elaine Ribeiro
Psicóloga

Elaine Ribeiro dos Santos