O amor é forte como a morte, é um grande mistério. As forças naturais como paixões, a força torrencial das águas e o fogo que queima, nada disso pode apagar ou ser mais forte que o Amor que venceu a morte.
A única força capaz de sobreviver à morte é o amor
“Põe-me como um selo sobre o teu coração, como um selo sobre os teus braços, porque o amor é forte como a morte” (Ct 8,6-7).
Diante da morte, atinge-se o ponto mais alto do mistério do amor de Deus aos seus filhos. Entretanto, a “morte é, na realidade, o salário do pecado” (cf. Rm 6,23).
A morte é um termo terrestre, nossas vidas são medidas pelo tempo, e, ao longo dela, vivemos o processo de mudanças, crescimentos, aprendizados, decepções, envelhecimento. A morte pode aparentar ser o fim natural da vida, o enigma da condição humana.
O próprio Deus utiliza-se da morte para lembrar-nos de que temos um tempo limitado. Para isso precisamos fazer memória do glorioso encontro que definirá a nossa eternidade.
Recordemo-nos das palavras de São Paulo: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1,21), e por isso pode-se dizer que o amor é mais forte que a morte.
Desde ontem, na liturgia, o Evangelho apresenta um diálogo entre Jesus e um fariseu chamado Nicodemos, que continua essa conversa no dia de hoje. Jesus inicia dizendo ao fariseu que “se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus” (Jo 3,3).
O amor é forte como a morte
Essa indagação causa um estranhamento, pois “como é que alguém pode nascer, se já é velho?” O esperado é que venhamos a morrer, não nascer de novo, segundo o pensamento terrestre. Porém, Jesus ressignifica o renascimento e, de forma oportuna, também ressignifica a morte, pois “se alguém não nasce da água e do Espírito, não poderá ver o Reino de Deus” nesta vida e também na eternidade (cf. Jo 3,1-5).
São João Crisóstomo explica que esta água de que Jesus fala simboliza as operações divinas: o sepultamento, a mortificação, a ressurreição e a vida. Quando submergimos, a cabeça na água do Espírito, como em um sepulcro, o homem velho é sepultado e, submerso, oculta-se. Mas ao emergir-se, sai o homem novo.
Quanto ao renascimento, o útero está para o feto como a água para o fiel. Cristo apresenta uma passagem, uma transcendência, ainda nesta terra da morte para a vida, pois o seu amor é mais forte que a morte.
O amor e a vida que Cristo nos quer dar não é segundo a carne, segundo a morte, mas sim segundo a honra e graça, por isso Ele nos dá o Seu Espírito. “O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8).
A ação do Espírito Santo em nós
A ação do Espírito não pode ser entravada nem pelas leis naturais nem pelos limites impostos ao nascimento da carne. A prova de que realmente somos filhos e chamados a passar pela morte e vivermos verdadeiramente é que Deus nos enviou o seu Espírito (cf. Gl 4,6).
Ao ressuscitar, Cristo venceu a morte, pois a Sua entrega foi por amor. E por amor também enviou o Seu Espírito.
O amor é forte como a morte!
Que o Senhor Jesus, fonte de vida e ressurreição, nos ajude a encontrá-lo na eternidade.
Seu irmão,
Thiago Teodoro
Comunidade Canção Nova