O amor tudo desculpa

O amor tudo desculpa. E por que perdoar é tão difícil? São Paulo une o amor ao ato de desculpar e, ao mesmo tempo, ao ato de sofrer. 

Quando alguém nos magoa ou nos fere, parece que nos rouba uma propriedade interior, algo que é somente nosso e exposto a poucos.

O amor tudo desculpa

Crédito: AlexanderFord by GettyImages

Sentimo-nos invadidos e nos encontramos vulneráveis. Por um tempo, nos vemos em uma condição de sofrimento causada por uma liberdade dada a outra pessoa, e em nós fica o ressentimento e o orgulho ferido sendo remoído o tempo todo.

O amor tudo desculpa

Vale lembrar o Evangelho de hoje, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: “Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Jesus respondeu-lhe: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-22).

Se avaliarmos bem, Pedro apresenta um número alto. Imaginemos alguém errando para conosco sete vezes em um dia e, neste mesmo dia, sendo perdoado sete vezes. É exigente, é sofrido, mas o amor tudo desculpa! Cristo sai da quantificação do erro e apresenta a infinidade da misericórdia, o amor tudo desculpa.

Quando rezamos a Deus: “Perdoai-nos as nossas ofensas”, estamos nos apresentado a Ele como o homem que O ofende sete vezes ao dia com os nossos pecados. O pedido de perdão a Deus é a entrada para o mar da Sua misericórdia. Porém, essa misericórdia não penetra em nossos corações quando não vivemos a segunda parte da oração, “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. O amor de Cristo é indivisível, não pode ser mutilado ou vivido parcialmente, não podemos amar o Deus que não vemos, se não amamos o irmão que vemos (cf. 1Jo 4,20).

Podemos e devemos nos perguntar: Qual a chave para vivermos o amor que tudo desculpa?

Para isso devemos pedir a virtude da humildade. A humildade exige de nós dois fundamentos: a verdade e a justiça. A primeira para que nos reconheçamos como realmente somos, pecadores e falhos. Todo o bem que há em nós procede e pertence a Deus. A segunda, a justiça, exige que se dê a Deus toda glória, e a nós o reconhecimento de nossas faltas.

A humildade combate o orgulho que nos trava diante de nossas falsas verdades

Combatendo aquilo que nos limita em nosso egoísmo, reconhecemos no outro o merecimento da mesma misericórdia dispensada a nós, por Deus. O amor tudo desculpa porque desculpa a todos, assim como ama a todos.

Como ocorreu na criação do mundo, o sétimo dia é considerado o dia do repouso. Porém não há pausa ou descanso para o perdão na criação do novo homem gerado para o amor infinito que tudo desculpa.     

Que o Senhor Jesus, Palavra de verdade e caridade, nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros.

Uma santa Quaresma para você! 

Seu irmão,

Thiago Teodoro
Comunidade Canção Nova 

Thiago Teodoro