O perdão na ciclovia da vida se dá quando uma pessoa é consolada e sente a misericórdia do Senhor na própria vida. Tratando do ressentimento, é definido por muitos psicólogos como uma emoção que mistura decepção, nojo, raiva e medo. E outros especialistas acreditam que se trata de uma emoção secundária que pode ser provocada por causa de um insulto ou injúria.
Se você ainda lembra de alguém que o magoou e, ao recordar a situação, chega a chorar ou sentir raiva, é sinal de que você não tem problemas de memória. Mas é preciso dizer também que essa página difícil de sua vida ainda não foi virada de verdade.
Em honra do perdão que me destes, eu as perdoarei
Recordo-me que, aos sete anos de idade, fui atropelado por uma bicicleta na calçada de um bar. Fiquei 2 anos sem poder andar e sentia muita raiva do adolescente que fazia da calçada uma ciclovia para sua bicicleta. A raiva só passou no dia em que ele foi em minha casa com sua mãe e me pediu desculpas.
Nos tornamos amigos e, 50 anos depois, não tenho dúvidas que a página desse assunto foi virada e que o perdão aconteceu genuinamente.
No livro dos Provérbios, encontramos um grande ensinamento sobre o perdão na ciclovia da vida: “O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a questão separa os maiores amigos (Prov. 17, 9).
O versículo quer nos provocar a “deletar” de nosso coração a raiva que uma situação difícil nos causou. E deletar do coração não significa retirar da memória, mas apenas fazer com que a dor ou decepção enfrentadas por alguém seja encarada de uma nova forma.
Jesus Cristo pediu ao Pai que perdoasse: “Eles não sabem o que estão fazendo!” (Cf Lc 23,34). Sua percepção divina fez com que Ele entendesse a ignorância dos que o ofendia em poucos instantes. Bem diferente da minha, que levou dois anos para ser discernida, me levando ao entendimento de que o ciclista nunca pensou em quebrar minha perna!
O perdão na ciclovia da vida
Acidentes vão acontecer sempre em nossa vida e, muitas vezes, vamos querer encontrar culpados e condená-los sem dó nem piedade. Mas acredite, é possível mudar o rumo e entender que essa “ciclovia” precisa ser de duas vias. A que dá e a que recebe o perdão!
É preciso seguir os passos e as atitudes de quem, mesmo sabendo que iria ser crucificado e morreria por mim e por você, não deixou de dar o mais importante antídoto contra a dor da humanidade.
O perdão é sim, um santo remédio contra todo o mal do mundo. E sem esquecer da bela oração que virou canção de São Francisco de Assis: “É perdoando que se é perdoado!”.
Deus abençoe!
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova