Estamos prestes a viver o tempo forte da Quaresma. Este precisa ser, para nós, um tempo especial em que Deus nos concede, por meio da oração, jejum e penitência, prepararmo-nos bem para a Páscoa do Senhor.
Nos dias de hoje, o jejum virou modismo, e é bem popular entre os que desejam fazer uma disciplina alimentar que proporcione mais saúde, perda de peso, redução de medidas. Redescobriu-se o benefício do jejum, prática milenar, mas sua eficácia quase sempre está desconectada da vida espiritual.
O tempo forte nos espera
Na Quaresma, o jejum é uma das práticas que nos ajudam a vivenciar este tempo de penitência, de reconciliação com Deus e com os irmãos, tempo de ascese. Fazer jejum não é só privar-se de comida. É uma disposição da alma, um desejo de encontrar-se com o sagrado, um anseio por trocar o que é terreno e básico pelo que é celeste e sobrenatural. Jejum é, antes de tudo, um ato de amor a Deus, porque deve fazer parte da natureza do cristão.
No Antigo Testamento, encontramos muitas situações em que o jejum foi utilizado como forma de consagração, de arrependimento, de luto, de ajuda na aflição, de intercessão, de busca de proteção, de busca da cura na enfermidade, de preparação para batalhas espirituais. Personagens importantes o praticaram, sozinhos ou em comunidade: os nazireus, Samuel, Davi em luto pela morte de Saul e de Jônatas, Davi em favor do bebê que lhe nascera da mulher de Urias, Esdras, Daniel, Ester…
Nos Santos Evangelhos, encontramos muitas situações que falam do jejum, para sua reflexão:
“Quanto a esta espécie de demônio só se pode expulsar à força de oração e de jejum” Mt 17,21.
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto. Ali, foi posto à prova pelo diabo, durante quarenta dias. Naqueles dias, ele não comeu nada e, no final, teve fome” Lc 4,1-2;
“Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora, com oitenta e quatro anos, não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações ” Lc 2,37.
Peçamos ao Senhor a graça de o cumprirmos nesta Quaresma, não só no essencial e necessário, mas com generosidade, oferecendo-lhe pela abstinência e pelo jejum os nossos apetites e, por uma oração mais fervorosa, a completa sujeição do nosso ser.
Um detalhe da sua generosidade que agrada o Coração de Cristo
O tempo forte da Quaresma nos ajuda a tomar as rédeas do nosso corpo, sempre tão rebelde, submetendo-o ao de Deus e assim reconhecendo o Seu Senhorio, possamos crescer em santidade. Leve muito a sério cada tempo que a Igreja nos propõe.
O Senhor, em Sua sabedoria infinita, sempre nos dá uma nova chance de conversão.
Maria Helena Barbosa
Comunidade Canção Nova