Somos constituídos por uma complexa equação de experiências, momentos e vivências; é impossível definir uma pessoa por um único momento, por uma palavra mal empregada ou um gesto infeliz. Precisamos de anos de convivência para aprender a definir uma pessoa, contudo, apenas um momento, alguns erros podem destruir um relacionamento.
Levados pelo momento
Somos seres passionais e, por mais que ad-roguemos o título de seres racionais, vivemos pisando em uma linha fina entre a razão e a emoção. Impulsivos, somos levados a comer, falar e fazer coisas que, se pensássemos bem nas consequências, nunca nos permitiríamos fazer tais escolhas. Entretanto, domar a paixão que existe em nós é sempre um desafio, pois pensar nas consequências significa, na maioria das vezes, perder o momento, e é aí que pensamos viver no tempo e espaço.
A tentação do ego
Dar uma resposta que se julgue merecida, usar um tom áspero, elevar a voz, fazer uso de brusquidão, sarcasmo e ironia, artifícios comuns que nos tentam sempre que nos vemos em um momento de conflito, especialmente em nosso círculo íntimo. Tais instrumentos podem aplacar, de momento, nosso ego, inflamado pelas paixões que nos movem ao conflito, saciar o narcísico desejo de ter a razão, mas são agentes corrosivos para um sadio relacionamento. Mas quem pode se considerar imune a recorrer a esses meios?
Pequenos erros não apagam toda uma vida
Não se pode, portanto, julgar alguém por um momento, desconstruindo todo um conhecimento que se fez do outro com base em palavras e gestos tomados no calor do momento, mesmo que não se apresente expresso arrependimento. As pessoas não são feitas de momentos isolados, mas da constância da vivência, dos erros e correções de erros. Nossas vidas são poemas idílicos, sempre prestes a serem encerrados abruptamente, portanto, é salutar considerar que as palavras que trocamos com outros, muito bem podem ser o parágrafo final de nossos relacionamentos.
Cristo, o exemplo a ser seguido
Antes que alguém advogue em favor de uma pseudojustiça, questionando a razão de ter de relevar, sendo supostamente a vítima da situação, evoco aquele que é para todo cristão o maior exemplo: Cristo. Ele não só nos ofereceu o perdão, não estando nós ainda arrependidos, como tomou sobre si a culpa, pagando o preço pelos nossos pecados. Assim como Ele, precisamos aprender a enxergar que as pessoas são mais importantes do que os erros que cometem, e que assim como exercitamos o perdão, deixando para lá nossa necessidade de parecer os corretos, outros também nos perdoarão, pois somos todos falhos.
Seu irmão,
Jonatas Passos