Guardando-se do veneno da expectativa

De fato, não há veneno tão doce, mas de efeito tão desastroso quanto o da expectativa, seja em eventos ou pessoas, a expectativa fia a alma na incerteza, em uma montanha-russa de êxtase e apreensão, fomentando todo tipo de atitudes temerárias na vida daquele que é contaminado por ela.

Guardando-se do veneno da expectativa

Crédito: Madrolly by GettyImages

Curioso é que ele, o veneno da expectativa, é destilado dentro do coração de suas vítimas e só elas mesmas podem produzir o seu antídoto.

Guardando-se do veneno da expectativa

O ser humano está inserido no tempo, situado em um ponto em seu inexorável fluxo, em rota para a eternidade, vivendo a fração da qual é consciente, a qual chamamos presente. No entanto, não é a única dimensão onde essa existência se dá, a mente humana, muito mais complexa do que os sentidos que a alimentam, consegue transportá-lo ao passado, por meio das lembranças, e também  conduzi-lo a um futuro, esse fruto daquilo que espera que se concretize. É exatamente nesta última faculdade que eclode a expectativa, semeada e nutrida pelas esperanças e ilusões com relação ao que poderia ser.

O futuro, a expectativa e a frustração

O futuro é sempre um ponto adiante na vida do ser humano, uma estação em que espera-se sempre chegar, nele assentam-se os projetos e as metas. Ele é o cerne da expectativa, pois na esperança de alcançar os projetos arquitetados, as pessoas alinham aquilo que esperam sentir concomitante a essas conquistas, isso é a expectativa, que, quando não sanada, leva a um efeito colateral desastroso, que é a frustração.

O azedume da frustração

Comparada ao amargo do azedume da frustração, agravado sempre pela perspectiva do que poderia ter sido e não foi ou daquilo que é e não deveria ser, é o não se conformar com a realidade, posta que, no entanto, é imutável. Não há como voltar e alterar o tempo à nossa mercê, assim, não conformar-se é uma das maiores demonstrações da soberba humana, insubmissa à sua limitação, fazendo a alma se debater nos aguilhões do orgulho.

Deus é pedagógico

Se cremos na soberania e na providência de Deus, também cremos que Ele é pedagógico em seu lidar conosco, desse modo, a frustração não se limita a uma experiência ou mesmo um sentimento ruim, mas é uma via de aprendizado em nosso relacionamento com o Altíssimo. Aprendemos na carta de Tiago: Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões” (Tg 4,3).

O sentido de pedir mal, entretanto, não diz respeito às palavras ou mesmo às intenções, mas sim por não estarmos atentos se nossos desejos estão ou não dentro da vontade de Deus.

Aprendendo com a frustração

Logo, aprender com a frustração é um caminho, por vezes, tortuoso, de conhecimento e aceitação da vontade de Deus.

Neste sentido, sem dúvida, uma das questões mais abstratas em nossa perspectiva se dá principalmente por Ele não viver o nosso tempo, a que estamos limitados a ele pela efemeridade de nossa vida, por isso, vislumbramos muito pouco, mas Deus é eterno e sabe de todas as coisas, muito antes de que elas aconteçam, então, seus desígnios são sempre perfeitos, ao passo de que nós somos falhos em nossos desejos.

Deus sabe o que é melhor para nós

Diante de uma situação frustrante, portanto, temos um convite: não nos deixar dominar pela amargura de ter as situações fora de nosso controle, aceitar que Deus está no controle de tudo, especialmente se não conseguimos alcançar aquilo que havíamos almejado, aquilo não é a vontade d’Ele para nós, guardando-se do veneno da expectativa e confiantes de que Ele sabe o que é melhor para nós. 

Seu irmão,

Jonatas Passos

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Jonatas Passos